Estatísticas mostram que aproximadamente 20% das pessoas, com 65 anos de vida, já apresentam um quadro neurológico chamado de déficit cognitivo leve e, cerca de 38% destas desenvolverão, em cinco anos, a Doença de Alzheimer (DA). Um terço das pessoas, ao redor dos 85 anos, desenvolverão a Doença de Alzheimer, ou seja, é uma condição neurológica que não é tão rara como se imagina, ao contrário, é muito comum. 

 

O principal fator de risco para a DA é o próprio envelhecimento. Portanto, se você tem 40 anos e apresenta queixas de perda da memória, a probabilidade de você realmente estar com a doença de Alzheimer é muito pequena, o que não ocorre ao alcançar os 85 anos. Existem exceções da Doença de Alzheimer que se iniciam antes dos 65 anos, que denominamos de Alzheimer precoce. Nestes casos a origem, normalmente, é de ordem genética, que pode ser do tipo autossômica dominante, quando o progenitor é portador do gene da doença, levando o risco de cada descendente herdar o gene à ordem dos 50%, e ter denominada “doença no futuro”.

 

 

O envelhecimento cerebral relacionado a Doença de Alzheimer pode ser dividido em três etapas: 

 

A primeira etapa é chamada de pré-sintomática

 

A Revista Nature publicou, recentemente, exames de sangue realizados por cientistas japoneses e australianos capazes de detectar a DA no estágio inicial. Entretanto, esses estudos ainda precisam ser confirmados  e também hoje somente  estão disponíveis a nível de pesquisa. É importante não confundir exames que dizem o aumento do risco com exames diagnósticos. Por exemplo; já é possível saber atualmente se o paciente tem aumento da chance de desenvolver a DA através de um teste de sangue da APOE, chamado de genotipagem, que informa o aumento ou diminuição do risco de ter a DA, mas que não pode ser considerado diagnóstico.

 

A segunda etapa chama-se prodrômica

 

A Terceira etapa é a demência propriamente dita. Nesta fase o paciente já apresenta manifestações cognitivas importantes, a tal ponto que alterara as funções do dia a dia. Podemos citar por exemplo, um advogado que não costuma perder compromissos com trabalho, e começa a faltar as audiências, ou um idoso que sempre teve suas contas em dia começa a atrasar os pagamentos. Nesta fase existe uma nítida perda no rendimento e funcionalidade do indivíduo.

 

Infelizmente, na fase final da doença a perda cognitiva é tão intensa que o paciente a desaprende como ir no banheiro, falar e comer e, acamado o paciente muitas vezes acaba por falecer por algum tipo de infecção oportunista como a pneumonia. O objetivo do tratamento médico neurológico visa postergar ao máximo esta fase tardia da doença, entretanto, a cura ainda não existe. 

 

Selecionei cinco sinais de alerta para um quadro de demência de Alzheimer: 

 

1o – Quando se esquece de tarefas de rotina do dia a dia, tarefas que antes não esquecia, como por exemplo, datas de reuniões e compromissos.

2o – Dificuldade recente para resolver finanças, como alguém que sempre conseguia fazer compras de forma independente,  começa a ter erros de cálculos, muitas vezes trazendo o troco errado.

3o – Desorientação espacial, como sair de casa e se perder no meio do caminho.

4o – Perda do julgamento, alguém que sempre tomou banho de forma regular e de repente começa a ter intervalos de 3 dias sem banho

5o – Isolamento social, alguém que sempre gostou de estar entre amigos e familiares, de repente se isola.

 

Muitas vezes são os familiares e amigos que notam a alteração do comportamento pois, uma das alterações frequentes  da doença de Alzheimer é o que chamamos de anosognosia – a perda cognitiva de reconhecer a própria condição patológica.

 

Em suma, existem sinais de alerta para a demência de Alzheimer, contudo, somente após exame clínico e neurológico minucioso, e com ajuda de exames complementares, o médico poderá fazer o diagnóstico correto da Doença. 

 

Dr. Rafael Higashi – médico, mestre em medicina, nutrólogo e neurologista, diretor médico da Clínica Higashi no Rio de Janeiro (tel: 21-34398999 ou 21-982084972).