Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) a depressão atinge cerca de 12 milhões de pessoas no Brasil e cada vez jovens e adolescente vem sendo diagnosticados com essa doença que pode até levar a morte por suicídio. Conforme a OMS, aproximadamente 800 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos e ainda, para cada suicídio, há muito mais pessoas que tentam o suicídio. Nos jovens entre 15 a 29 anos, o suicídio é a segunda principal causa de morte, depois dos acidentes automobilísticos. 

    Desta forma, o suicídio é uma tragédia que afeta não só as famílias, mas a sociedade e o mundo, deixando efeitos penosos naqueles que ficam. É importante lembrar que, em muitos casos, o suicídio pode ser evitado e conforme diretrizes da OMS, há uma série de medidas que podem ser tomadas para prevenção e cuidados. Um dos principais fatores que podem levar ao suicídio é a depressão.

    Pesquisas indicam que os mesmos genes influenciam a solidão e a depressão; e ainda, que aqueles que estão sozinhos ou, que se sentem sozinhos (por questões subjetivas, mesmo não estando), geralmente, desenvolvem depressão.

    A depressão é uma doença do cérebro. É um transtorno de humor que envolve diversos fatores que devem ser investigados na avaliação, observados no acompanhamento e detalhados no tratamento.  O diagnóstico envolve dois dos três sintomas principais do quadro: baixo nível de energia, humor deprimido (na maior parte do dia, quase todos os dias), perda de interesse por atividades ou prazer pela vida.  É importante ressaltar que diante de acontecimentos diversos, é natural o sentimento de tristeza em situações de perdas, de mudanças, insucesso num projeto ou em uma prova acadêmica e várias outras situações do cotidiano. Entretanto, se esses sintomas durarem pelo menos 2 semanas, podendo chegar a meses ou ate mesmo ano(s), a depressão pode ser confirmada, conforme avaliação e diagnóstico médico. As causas da depressão podem surgir de fatores genéticos, ambientais e sociais. 

    Na neurofisiologia da depressão, existe uma diminuição da produção de serotonina no cérebro, além de uma alteração na função dos receptores deste neurotransmissor. A Serotonina é um importante neurotransmissor, um tipo de substância química que ajuda a transmitir as sinapses, ou seja, os impulsos da atividade elétrica cortical, responsável pelo controle de funções básicas e vitais, como: o apetite, sono, o humor e cognição. Quando em baixa quantidade no organismo, podem ser percebidas algumas manifestações, dentre elas, sintomas de depressão.

    A depressão e sua intensidade, pode variar de pessoa para pessoa, mas os sintomas comuns observados são: alterações de apetite  (aumento ou redução), alterações de peso (ganho ou perda), alterações de sono (insônia ou sono excessivo), baixo nível de energia – fadiga), alterações de atenção e dificuldades de concentração, problemas  de memória, alterações psicomotoras (lentidão ou agitação), desânimo, desmotivação, irritabilidade, abuso de tabaco, álcool e/outras drogas, sentimentos de culpa, desesperança, auto desvalorização, baixa auto estima, alterações de auto-imagem, isolamento, sentimento de inutilidade, dificuldades de relacionamento, pensamentos negativos, pensamentos sobre a morte e até mesmo sobre suicídio. Estes sinais quando percebidos não podem ser ignorados, sendo necessário procura de profissionais especializados. É fundamental que a depressão seja diagnosticada e tratada o mais cedo possível.

    Mesmo em um período de vida cheio de energia, atividades e saúde que a juventude traz, a depressão pode ocorrer e com isso interferir no desenvolvimento saudável dos jovens. Esse período da vida é marcado como importante período de transição. Para alguns, esse momento do ciclo vital pode ser vivenciado de forma positiva, porém para outros pode ser vivenciado de forma negativa e estressante, pois envolve um período de muitas mudanças: físicas, hormonais, sociais, desenvolvimento de personalidade, habilidades, momento de escolhas pessoais importantes (tais como as acadêmicas e profissionais).  A juventude é o momento de descobertas e experiências que, possivelmente, se tornarão fundamentais na vida adulta.    

    As relações familiares e sociais são de fundamental importância para os jovens. E atualmente, a tecnologia tem sido um fator importante na cultura moderna. A internet e as redes sociais contribuem de forma importante para influenciar o comportamento, sentimentos, perfil de consumo, opiniões entre outros aspectos, os jovens. O que pode ser benéfico para uns, para outros não. 

    As redes sociais possuem uma velocidade impressionante para divulgar uma informação, que em muitas vezes, quase que de imediato, são compartilhadas informações, noticias e dados que podem não ser verdadeiros, reais e que podem ainda prejudicar a imagem, o emocional e a vida de algumas pessoas envolvidas. Os jovens podem ser alvos dessas situações vindas da internet em virtude da maior  utilização desses canais de informação.

    O Bullying é outro fator que ocorre entre os jovens, sendo implicado no aumento dos indicadores de suicídio nessa faixa etária. Este pode ser conceituado como a prática de atos violentos, intencionais e repetidos, contra uma pessoa por parte de um ou de um grupo de pessoas, e que podem causar danos físicos e psicológicos às vítimas, conforme a gravidade e o tempo de exposição a violência. Os tipos de atitudes agressivas, capazes de causar sofrimento e angústia, podem ser percebidos em ataques físicos, insultos, ameaças, comentários e apelidos pejorativos, entre outros. Existe ainda o Cyberbullying, tipo de bullying que ocorre pela internet, por meio das redes sociais. Novamente, os jovens podem sofrer de alguma forma este tipo de violência. 

    Diante desses fatores, dos novos desafios modernos – sociais, culturais, tecnológicos, biológicos – destacam-se novas estratégias de prevenção e cuidado com os jovens, para combater a depressão e o suicídio.

    O tratamento tradicional para a depressão é feito com medicação e psicoterapia. Entretanto, em alguns casos, o tratamento medicamentoso pode causar efeitos colaterais e/ou indesejáveis, o que faz muitos pacientes não aderirem de forma eficaz ao tratamento com remédios ou então por conta da refratariedade, que é o termo usado para se referir a tolerância a medicações ou a falha de resultados com o tratamento farmacológico. 

    Com isto, as técnicas alternativas têm apresentado resultados e tem sido utilizada para o tratamento da depressão e prevenção, como é o caso da Neuromodulação. 

    A Neuromodulação é um tratamento médico que utiliza estímulos elétricos e magnéticos excitatórios ou inibitórios para modular o funcionamento cerebral, com objetivo de reestabelecer um equilíbrio da atividade cortical. É um tratamento seguro, não invasivo, sem anestesia, praticamente isento de efeitos colaterais. É um tratamento que pode ser combinado outros tratamentos (por exemplo o medicamentoso). Existem diversas técnicas de neuromodulação, tais como: estimulação magnética de corrente continua (ETCC), estimulação magnética transcraniana (EMT) e o neurofeeback (NFB).

    A indicação da técnica específica de neuromodulação, bem como a a indicação do protocolo de tratamento é elaborado de forma personalizada, baseado no funcionamento neurológico e/ou psicofisiologico de cada um. Isto é, conforme os sintomas e/ou queixa de cada um, após avaliação de profissionais especializados.

    Uma das técnicas, que vem sendo utilizada como aliada no tratamento da Depressão, é o Neurofeedback.

    O Neurofeedback é uma forma de treinamento cerebral. O treinamento ocorre através de um condicionamento comportamental, que visa desenvolver habilidades de auto regulação da atividade elétrica cortical, conduzindo o paciente a se reconhecer e se regular, por meio de suas ondas cerebrais. Estudos apontam que as ondas cerebrais estão associadas a estados psicoemocionais e comportamentais.     No Neurofeedback, os dados da atividade elétrica cortical são capitados pelos sensores (eletrodos) e processados por software específico, permitindo a interação em tempo real da pessoa em treinamento com vídeo games, mídias ou ritmos musicais, operados de acordo com a alteração nos padrões de ativação cortical a serem neuromodulados, ou seja, trabalhados.  Com ajuda de um terapeuta especializado, o treinamento é realizado com protocolos personalizados, desenvolvidos através de avaliação por mapeamento cerebral.

    É importante ressaltar que o neurofeedback, não tem efeitos colaterais, não é invasivo e não possui contraindicações. A Clínica Higashi é pioneira em tratamentos com Neuromodulação no Rio de Janeiro e Londrina e tem como objetivo oferecer alternativas ao tratamento da Depressão. 

Autoria: Clínica Higashi

FONTES:

  1. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE (OMS) – Folha informativa sobre suicídio publicada em Agosto de 2018. www.paho.org
  2. World Health Organization (WHO). Preventing suicide, a global imperative. Geneva, Switxzerland: World Health Organization, 2014.
  3. Manual Diagnóstico e estatístico de Transtornos Mentais DSM-V – American Psychiatric Association. Porto Alegre: Artmed, 2014.
  4.  FREGNI, F.; BOGGIO, P. S; BRUNONI, A. R.  Neuromodulacao Terapeutica – Principios e Avancos da Estimulacao Cerebral Não invasiva em Neurologia, Reabilitacao, Psiquiatria e Neuropsicologia. São Paulo: Servier  1a ed, 2012.
  5. MATTHEWS, T & COLS. Social isolation, loneliness and depression in young adulthood: a behavioural genetic analysis. Soc Psychiatry Psychiatr Epidemiol. 2016; 51: 339–348. Published online 2016 Feb 3. 
  6. KATHRYN MCHUGH & ROGER D. WEISS.  Alcohol Use Disorder and Depressive Disorders, Alcohol Res. 2019; 40(1): arcr. v 40.1.01. Published online 2019 Jan 1.
  7.  VAN, VEDDER PTANILON J. Relationship between peer victimization, cyberbullying, and suicide in children and adolescents: a meta-analysis. JAMA Pediatr. 2014 May;168(5):435-42.