Segundo a OMS, atualmente o Transtorno de ansiedade é uma doença que vem crescendo. Só no Brasil, quase 10% da população sofre com essa doença, e na população mundial um terço é acometido pelo transtorno. Está relacionado a diversos fatores: genéticos, stress, questões emocionais, cognitivas, comportamentais, conflitos, doenças e medicações.

Conforme o DSM-V, os transtornos de ansiedade incluem transtornos que compartilham características de medo e ansiedade que por serem excessivos ou persistirem, geram alterações comportamentais e cognitivas relacionados. 

O Medo é a resposta psicofisiológica a ameaça iminente – real ou percebida, enquanto que a ansiedade é a antecipação de ameaça futura. Esses dois estados se sobrepõem, mas também se diferenciam:  o medo está associado a energia para luta ou fuga de perigo, já a ansiedade está associada a tensão muscular, ao estado de vigilância em preparação para perigo futuro, associado a comportamentos de cautela e esquiva.  No caso de Fobias, por medo fora de proporção em relação ao risco real que se apresenta, a pessoa passa a evitar lugares, situações, objetos. Estes podem ser específicos ou não. Os ataques de pânico se destacam como um tipo particular de resposta a ansiedade ou ao medo desproporcional: sintomas de desconforto e pavor intenso que em poucos minutos atingem um pico, sempre acompanhados de sintomas físicos e cognitivos. O indivíduo experimenta ataques de pânico inesperados recorrentes e está persistentemente apreensivo ou preocupado com a possibilidade de sofrer novos ataques de pânico ou alterações desadaptativas em seu comportamento devido aos ataques de pânico (2). 

O tratamento medicamentoso algumas vezes pode causar efeitos indesejáveis, o que faz muitos pacientes não aderirem de forma eficaz a medicaçao. Com isto, técnicas alternativas tem ganho crescente interesse internacional e mostrado benefício (3, 4, 5), como é o caso do Neurofeedback (NFB). 

 

Setor de Neurofeedback da Clínica Higashi (2017)

Antes de iniciar o tratamento é importante definir corretamente, através de uma avaliação minuciosa realizada por um especialista, se o tratamento com o Neurofeedback pode ou não ser indicado. Essa avaliação é baseada em diagnóstico clínico, co-morbidades, falhas de tratamento anteriores e objetivos específicos. 

O Neurofeedback surgiu a partir de princípios da neuropsicofisiologia, por volta de 1960. Uma década depois, ele foi utilizado como método terapêutico para redução de ataques epiléticos. Em 1980, a aplicação do método passou a ser utilizado para tratar crianças com Transtorno de Deficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), obtendo resultados animadores.  Em 1999, foi lançada a primeira monografia dedicada ao Neurofeedback.  A partir de então, o Neurofeedback começou a ser utilizado de forma terapêutica em transtornos de ansiedade, depressão, insônia, dor cronica e outros. (3,4,5)

O conceito da técnica Neurofeedback refere-se ao ato de “retro-alimentar” respostas psicofisiológicas do sistema nervoso, mensuradas através da tecnologia de Eletronencefalografia (EEG) que com o apoio de um software específico, afere as ondas cerebrais refletindo a excitabilidade cortical (3,4).  

A excitabilidade cortical pode variar de um estado elétrico positivo para negativo ou negativo para positivo. Quando negativo, expressa o aumento da atividade neural. Quando positivo, reflete a diminuição da atividade neural, importantes na prevenção de crises epiléticas por exemplo.

O objetivo do Neurofeedback é ensinar o paciente a obter o autocontrole das ondas cerebrais, conduzindo o paciente a reconhecer seus níveis de atividade cerebral. A partir daí, ocorre uma neuromodulacão, ou, seja, a uma reabilitação neuropsicológica.  O treinamento se dá por percepção de estimulo, que informa quando o cérebro atinge ou não o objetivo através das ondas cerebrais.  Se o paciente apresentar distração, o equipamento vai trabalhar em função da atenção. Se ele apresentar ansiedade, o equipamento trabalhara com ondas de padrões de estabilidade, visando diminuir a ansiedade ou o estresse. É importante ressaltar que o NFB não é invasivo e sem contra indicações.

Cada protocolo é elaborado de forma personalizada, baseado no funcionamento psiconeurofisiologico de cada um, contem o número de sessões e a duração de cada sessão que serão realizadas.  Isto é, conforme o sintoma ou queixa de cada um.

No Brasil, em 2016, a Clínica Higashi, sob a direção do Dr. Rafael Higashi, médico mestre em medicina e neurologista, é a pioneira no Brasil a utilizar a tecnologia Alemã de Neurofeedback com aparelho TheraPrax Neurocomm, o qual é certificado pela Comunidade Europeia (CE) e clinicamente aprovado em protocolos internacionais. 

É importante lembrar que Neurofeedback tem sido usado ainda para ganho de performance esportiva e os resultados podem ser otimizados de acordo com a persistência do treinamento.

 

Autoria: Clínica Higashi

 

Referências:

  1.  Organização Mundial de Saúde: 23 de fevereiro de 2017
  2.  Manual Diagnóstico e estatístico de Transtornos Mentais DSM-V – American Psychiatric Association. Porto Alegre: Artmed, 2014.
  3.  FREGNI, F.; BOGGIO, P. S; BRUNONI, A. R.  Neuromodulacao Terapeutica – Principios e Avancos da Estimulacao Cerebral Não invasiva em Neurologia, Reabilitacao, Psiquiatria e Neuropsicologia. São Paulo: Servier  1a ed, 2012.
  4. COBEN, Roberts & EVANS, J. R. Neurofeedback and neuromodulation – Techniques and Applications. Elsevier Inc,   2011.
  5. KUBIK, P.; STANOS, M.; IVAN E.; KUBIK, A. Neurofeedback Therapy influence on clinical status and some EEG parameters  in children with localized Epilepsy. Prezgl Lek, 2016; 73 (3): 157-60.