O computador mais avançado no universo é o cérebro humano. Ele armazena todos os tipos de dados e temos que pensar nisso por alguns minutos para perceber o quanto de memória está sendo armazenada no cérebro, toda a experiência de todos os cinco sentidos. Lembramos de odores, como nos lembramos de nomes, números de telefone, etc. Esqueceu o que estava falando? Não se lembra onde colocou as chaves do carro? Não se lembra do nome daquele seu amigo da faculdade? Se esses fatos estão se tornando cada vez mais freqüentes, talvez seja a hora de procurar ajuda com um médico especialista.

Dos 20 aos 90 anos, perdem-se, em média, 10% dos neurônios corticais e o cérebro fica correspondentemente menor e mais leve. Como a perda parece ser gradual e constante ao longo dos anos, pode-se calcular que 31 milhões de neurônios morrem no córtex a cada ano, ou 85 mil neurônios por dia, ou seja, um por segundo. Esses resultados evidenciam que o envelhecimento, entre outras ocorrências, acarreta uma perda neuronal gradativa e significativa do sistema nervoso e pode ser agravada com uma maior incidência de acidentes e doenças que acometem o cérebro (2).

O Sistema Nervoso Central (SNC) possui células altamente especializadas que fazem várias conexões e são responsáveis por diversas funções. O processo natural de envelhecimento e algumas patologias que acometem o cérebro e levam à perda dos neurônios (células especializadas), comprometendo a função cognitiva, prejudicando a memória e interferindo negativamente na qualidade de vida das pessoas.

Há muitas áreas do cérebro que ajudam a criar e recuperar memórias. Danos ou mau funcionamento de qualquer uma destas áreas pode levar à perda de memória. A perda de memória devido a problemas com áreas específicas do cérebro pode ser diferente. Pode envolver a memória somente de eventos recentes ou novas, eventos passados ou remotos, ou ambos. A amnésia pode ser apenas para eventos específicos ou para todos os eventos. O problema pode envolver aprendizado de novas informações ou formação de novas memórias.

Tipos de memória:

Memória de procedimentos ou de curto prazo: Este tipo de memória mantém durante alguns segundos, no máximo alguns minutos, a informação que está sendo processada no momento; sua capacidade é limitada (aproximadamente 7 itens) e as informações são mantidas por processos de atenção e ensaio. Diferencia-se das demais por não deixar traços e não produzir arquivos. A memória imediata é processada, fundamentalmente, pelo córtex pré-frontal (porção mais anterior do lobo frontal).

Memória não-declarativa: Habilidades, hábitos, motores, perceptuais e cognitivos; Pré ativação;  Condicionamento e Aprendizagem não associativa.

Memória declarativa: Existe acesso consciente ao conteúdo da informação. São processadas as memórias para eventos, fatos, palavras, faces, música, todos os vários fragmentos do conhecimento que fomos adquirindo durante uma vida de experiências e aprendizado, conhecimento que pode potencialmente ser declarado, trazido à mente de uma forma verbal ou como uma imagem mental. O processo de consolidação das informações processadas por este sistema depende das estruturas do lobo temporal medial, diencéfalo e respectivos sítios de processamento sensoriais.

Memória imediata. É a memória que dura de frações a poucos segundos. Um exemplo é a capacidade de repetir imediatamente um número de telefone que é dito. Estes fatos são após um tempo completamente esquecidos, não deixando traços.

Memória de longo prazo. É a memória com duração de dias, meses e anos. Um exemplo são as memórias do nome e idade de alguém quando se reencontra essa pessoa alguns dias depois. Como engloba um tempo muito grande pode ser diferenciada em alguns textos como memória de longuíssimo prazo quando envolve memória de muitos anos atrás. A memória a longo prazo pode ser do tipo Episódica ou Semântica.

Memória episódica: é uma categoria de memória de longo prazo que envolve a lembrança de eventos específicos, situações e experiências. Seu primeiro dia de escola, seu primeiro beijo, ir à festa de um amigo de aniversário e formatura do seu irmão são todos exemplos de memórias episódicas. Além disso, a sua recordação geral do evento em si, mas também a sua memória do local e hora em que ocorreu o evento. Intimamente relacionado com isso é o que os pesquisadores chamam de memória autobiográfica, ou as suas memórias de sua própria história de vida pessoal. Como você pode imaginar, a memória episódica desempenha um papel importante na sua identidade próprio.

Memória semântica: usamos para armazenar o conhecimento que temos do mundo e que podemos acessar rapidamente e sem esforço, por exemplo, saber que Paris é a capital da França. Isso inclui a nossa memória dos significados das palavras, o tipo de memória que nos permite recordar não só os nomes de grandes capitais do mundo, mas também os costumes sociais, as funções das coisas, sua cor e odor.

Localização da memória:

O lobo temporal é uma região no cérebro que apresenta um significativo envolvimento com a memória. Ele está localizado abaixo do osso temporal (acima das orelhas). Existem consideráveis evidências apontando esta região como sendo particularmente importante para armazenar eventos passados. O lobo temporal contém o neocórtex temporal, que pode ser a região potencialmente envolvida com a memória a longo prazo. Nesta região também existe um grupo de estruturas interconectadas entre si que parece exercer a memória declarativa, entre elas está o hipocampo, as estruturas corticais circundando-o e as vias que conectam estas estruturas com outras partes do cérebro. O hipocampo desempenha um papel fundamental, na memória, portanto, uma lesão do hipocampo pode afetar severamente a memória, pois atua na organização dos episódios vivenciados, como um conjunto de informações coerentes em um tempo e um espaço.
 

A doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência degenerativa. Na doença de Alzheimer ocorre o encolhimento do cérebro, particularmente do hipocampo. Atualmente, existem diferentes abordagens terapêuticas com medicamentos específicos utilizados para melhorar os sintomas da doença, entre elas, a estimulação magnética transcraniana repetitiva tem mostrado resultados interessantes na melhora de alguns aspectos da linguagem (1), além da melhora do humor em pacientes que sofrem de Alzheimer e depressão.

Atualmente, em um estudo Cotelli et al. mostrou um efeito favorável da estimulação magnética transcraniana de alta freqüência entregue ao córtex pré-frontal dorsolateral (CPFDL) direita ou esquerda de pacientes com doença de Alzheimer durante uma tarefa cognitiva, ou seja, uma nomeação com uma imagem de uma ação ou objeto. Os autores apresentam uma revisão da literatura sobre o impacto cognitivo da estimulação magnética transcraniana para ilustrar suas palavras com os primeiros resultados de um estudo avaliando o efeito da tecnologia sobre a cognição em pacientes com doença de Alzheimer. A estimulação magnética transcraniana aparece uma abordagem terapêutica promissora no tratamento destes sintomas da doença(7).

Estimulação Magnética Transcraniana, é uma técnica não invasiva, que consiste na aplicação de ondas eletromagnéticas no cérebro para tratamento de doenças neuropsiquiátricas e também tem sido observado melhora da memória. A estimulação magnética transcraniana também tem sido utilizada em estudos sobre os mecanismos da memória. Um dos aspectos abordados por alguns estudos é a chamada memória operacional. Este aspecto da memória diz respeito ao armazenamento e manipulação de informação, sendo necessário para o funcionamento de funções complexas, como as funções executivas, linguagem e aprendizado (3). A estimulação magnética transcraniana possibilita a geração, em pessoas saudáveis aumento da atividade das áreas estimuladas, permitindo o estudo do comportamento e da cognição de maneira mais estruturada e precisa (4).

Um estudo do realizado recentemente pela Universidade de Laval em Québec, Canadá, mostrou que efeitos de facilitação induzidos pela estimulação magnética transcraniana de baixa freqüência repetitiva sobre as funções de memória.  O estudo selecionou 11 jovens destros, com problemas de memória. Os participantes realizaram testes de memória a partir de imagens, e em seguida foi realizada a estimulação magnética trasncraniana no córtex pré-frontal dorso lateral direito e esquerdo e a estimulação magnética transcraniana, também foi utilizada como placebo. O tempo de ativação foi de 50 minutos de cada lado. Os resultados mostraram mínima diferença em relação ao lado estimulado, porém do lado direito o resultado foi mais satisfatório em relação a melhora espacial e temporal, estando acima da média da normalidade. Os problemas de memória que os pacientes apresentavam foram sanados (5.

Em outro estudo, a estimulação magnética transcraniana foi realizada durante uma tarefa de verificação de imagem-palavra. Sete indivíduos destros foram treinados em duas condições: imagem-palavra de verificação, o que exigiu o assunto para verificar se a imagem de um objeto combinava com o nome da legenda na mesma página, e verificação de quadro, o que exigia assuntos para verificar se houve uma moldura retangular ao redor da imagem objeto combinado e subtítulo. Metade dos ensaios foram realizados durante a estimulação magnética transcraniana. Os efeitos da estimulação magnética transcraniana sobre o desempenho foram avaliados nos seguintes quatro posições no couro cabeludo: anterior esquerdo, do lado direito, e duas posições na região parietal esquerda e direita. Os participantes tiveram menos dificuldade em dizer a  imagem e palavra correspondentes durante a comparação com estudos estimulados nas posições esquerda anterior e posterior. Não houve diferença significativa na precisão. Os tempos de resposta na condição de verificação de quadro foram mais longos com estimulação na posição anterior esquerda. A estimulação magnética transcraniana sobre o hemisfério dominante afeta o processamento lingüístico independente da potência do motor da fala, podemos confirmar que a estimulação magnética transcraniana pode ser usada para investigar a linguagem e outras funções cognitivas (6).

Entenda um pouco, assistindo o vídeo abaixo, sobre a importância dos circuitos cerebrais no processo da memória da linguagem e como a estimulação magnética trasncraniana pode interferir de forma positiva neste processo.

Nossa memória é fundamental, e por isso, devemos ter alguns cuidados, para evitar que ela se prejudique. Existem fatores de risco aos quais devemos ter atenção em relação aos problemas de memória, como: o consumo excessivo de álcool, deficiências alimentares e nutritivas como a de vitamina B12, vitamina C, selênio e zinco, sono ou descanso insuficiente, carga de trabalho excessiva, alguns medicamentos (antidepressivos, tranqüilizantes, ansiolíticos, fármacos para a pressão arterial, coração e dores) e a deficiência hormonal.

A estimulação magnética transcraniana já vem sendo utilizada há 20 anos, para diversos tratamentos neurológicos com a vantagem de não apresentar efeitos colaterais, observou-se nos últimos anos a multiplicação de centros médicos e de pesquisa em estimulação magnética cerebral nos mais respeitados centros universitários ao redor do mundo. A estimulação magnética transcraniana está aprovada para uso clinico em diversos países como Estados Unidos, Canadá, Austrália, Israel e inclusive no Brasil, assim então, contamos com mais um grande aliado na luta contra a perda de memória. 

Maiores informações sobre neurologia, memória e Estimulação Magnética Transcraniana no telefone: (43) 3323-8744 – Londrina – PR e (21) 3439-8999 – Rio de Janeiro – RJ

Leitura Complementar:

1.      P. Vandel, G. Chopard, E. Magnin, M. Nicolier, J. Monnin, J. Galmiche, L. Rumbach, L. Pazart, D. Sechter and E. Haffen. Cognitive effects of repetitive transcranial magnetic stimulation (rTMS) in Alzheimer disease.

2.      HOUZEL, H. S. O cérebro nosso de cada dia: descobertas da neurociência sobre a vida cotidiana. Rio de Janeiro, 7ª edição. Ed. Vieira e Lent, 2004.

3.      Baddeley A. Working memory. Science. 1992;255(5044):556-9. 

4.      Boggio PS, Fregni F, Rigonatti SP, Marcolin MA, Silva MTA. Estimulação magnética transcraniana na neuropsicologia: novos horizontes em pesquisa sobre o cérebro. Rev. Bras. Psiquiatr. 28(1): 44-49.

5.     Gagnon G, Schneider C, Grondin S, Blanchet S. Enhancement of episodic memory in young and healthy adults: a paired-pulse TMS study on encoding and retrieval performance. Neurosci Lett. 2011 Jan 20;488(2):138-42. Epub 2010 Nov 19. Erratum in: Neurosci Lett. 2011 Jun 15;497(1):68.

6.     Flitman SS, Grafman J, Wassermann EM, Cooper V, O'Grady J, Pascual-Leone A, Hallett M.Linguistic processing during repetitive transcranial magnetic stimulation Neurology. 1998 Jan;50(1):175-81

7.     Cotelli M, Manenti R, Cappa SF, Zanetti O, Miniussi C. Transcranial magnetic stimulation improves naming in Alzheimer disease patients at different stages of  cognitive decline. Eur J Neurol. 2008 Dec;15(12):1286-92.

 

Produzido por somente para fins ciêntíficos e não terapêuticos pelo setor de Educação e Pesquisa da Clínica Higashi – Neuroestimulação e Neurologia Rio de Janeiro e Londrina.