A Cetamina já é utilizada há muitas décadas para tratamento da dor porém seus efeitos tem demonstrado eficácia também na depressão. A depressão afeta 17% da população 50-40 % dos doentes não respondem a medicação antidepressiva convencional, além disso a medicação antidepressiva convencional por via oral pode levar semanas e meses para ter resultado por isso o uso da Ketamina venosa esta sendo cada vez mais estudada como opção terapêutica.

O cloridrato de cetamina é um anestésico intravenoso, comumente empregado em pré-tratamento farmacológico e indução anestésica seu perfil farmacodinâmico favorece o uso de menores doses, reduzindo a toxicidade. Suas indicações incluem procedimentos diagnósticos e cirurgias superficiais de curta duração que requerem intensa analgesia. Ao contrário dos demais anestésicos parenterais, a cetamina aumenta o fluxo cerebral.

Depressão e estresse diminuem fatores neutróficos do cortex frontal e hipocampo levando a atrofia e perda de neuronios. Estas substâncias denominadas de fatores neutrófico derivado do cérebro ( BDNF) serve no adulto como mecanismo de manutenção da sobrevivência do neurônio assim como tem função adaptativa, ou seja, manter funcionando bem nossas funções cognitivas e emociona. A Cetamina demonstrou aumentar significativamente o BDNF favorecendo as conectividades e funcionalidades cerebrais revertendo o estresse e a depressão.

O cloridrato de cetamina, também conhecido como quetamina ou ketamina, é um anestésico dissociativo, com efeito hipnótico e características analgésicas. Foi sintetizada pela primeira vez em 1962 por Calvin Steves e nomeada inicialmente de “CI581”. Ainda na década de 60, a cetamina começou a ser utilizada como anestésico e foi aperfeiçoada para o atendimento dos soldados americanos durante a guerra do Vietnã. A cetamina tem um potente efeito antidepressivo e abre uma linha inédita de tratamento sobre a depressão que afeta 38,8 milhões de pessoas no Brasil

Nos Estados Unidos, a cetamina vem sendo administrada para casos graves, em emergências, onde há risco de suicídio e em clínicas aonde pacientes com depressão refratária ,ou seja, que já tentaram todos os outros tratamentos sem sucesso:

Assista o vídeo abaixo sobre o uso da Cetamina no tratamento da depressão:

A cetamina para efeito antidepressivo induz o aumento máximo da atividade metabólica nas estruturas corticais e subcorticais do sistema límbico (responsável pelas emoções e comportamentos sociais).

Como  ação farmacológica a cetamina possui duas ações no organismo humano:

Em dose aumentada ele tem ação anestésica, ou seja, a quantidade administrada deve ser suficiente para manter as atividades metabólicas do sistema límbico diminuída, atuando no bloqueio do canal fechado e do canal aberto do receptor NMDA.

Em dose diminuida tem ação anti-depressiva, ou seja, a dosagem utilizada neste caso é bem menor do que a dosagem anestésica, atuando somente no bloqueio do canal fechado do receptor NMDA.

Para ação anti-depressiva a cetamina age no sistema glutaminérgico do cérebro (importante animoácido que age na metabolismo humano e é um neurotransmissor estimulador do sistema nervoso em mamíferos), envolvido na fisiopatologia da depressão e do mecanismo de ação dos antidepressivos como mostra a figura abaixo:

Mecanismo de ação glutaminérgica da Cetamina:

mecanismo da cetamina-1.jpg

Cetamina age no receptor NMDA  modulando o receptor local de glicina. Ativa o ácido propisóico (AMPA) na região de plasticidade neuronal. Começa a ação na liberação do glutamato (Gln) que aumenta a excitabilidade de fatores neurotróficos no cérebro, facilitando a captação e transporte da Glia (células do sistema nervoso central que proporcionam suporte e nutrição aos neurônios).

Cientistas da Universidade de Yale, em Connecticut, nos EUA, que administraram a camundongos uma pequena dose cetamina, descobriram que ela reduzia claramente um comportamento antidepressivo e restabelece as conexões entre células do cérebro danificadas por estresse crônico.

Um estudo apresentado pela Biological Psychiatry em 2012, selecionou 22 pacientes com depressão que não respondiam a outros tratamentos. Houve melhora de 32% do estado de espírito geral (humor) em 1 hora após a primeira aplicação. 18% dos pacientes tiveram remissão completa da depressão em 2 dias após o uso da primeira dose.

Outro estudo apresentado pelo College of Neuropsychopharmacology em 2012 contou com a participação de 116 pacientes com depressão resistente a outros tratamentos. Mostrou uma significativa redução dos sintomas da depressão por até duas semanas.

No entanto, é preciso ter caltela na administração que deve ser feita por via endovenosa lenta com duração de 40 minutos e o paciente deve aguardar duas horas para passar os possiveis efeitos alucinógenos da cetamina.

A cetamina é aprovada pelo FDA (Food and Drug Administration – EUA) para tratamento de pacientes com depressão não responsiva a medicação e outras modalidades convencionais de tratamento da depressão.