A cetamina foi sintetizada em 1962  e foi utilizada pela primeira vez em 1970 na guerra do Vietnã como anestésico. Em 1980 nos EUA a Cetamina também começou a ser utilizada para tratamento dor crônica neuropática em uma condição  neurológica de dor crônica chamada Síndrome Dolorosa do Complexo Regional. Após este período a Cetamina começou a ser muito utilizada em âmbito hospitalar como anestésico para analgesia de pessoas que sofrem queimaduras e precisam fazer procedimentos cirúrgicos dolorosos e também como medicação facilitadora para procedimentos endotraqueais devido sua ação analgésica e sedativa, além, é claro, para tratamento da dor neuropática refratária em Clínicas especializadas no tratamento da dor.

A novidade é que nos últimos 5 anos vários estudos ciêntificos vem demonstrando que a cetamina endovenosa é eficaz também no tratamento da depressão refratária, ou seja, aqueles de casos de depressão aonde os remédios via oral não são eficazes. Em comparação aos remédios antidepressivos por via oral a Cetamina endovenosa tem demonstrado maior eficácia e rapidez , em média, mais de 70% das pessoas com depressão refratária demonstram remissão do estado depressivo e dos pensamentos suicidas em poucas horas ou poucos dias após uma aplicação endovenosa de Cetamina, comparado com os remédios que podem demorar entre 4 a 6 semanas para ter resultado, o rapidez e a intensidade do resultado da Cetamina são animadores, e por estes resultados satisfatórios da Cetamina endovenosa, um laboratório americano lançou no mercado após aprovação do FDA, a Esketamine , que é uma forma de spray nasal de Cetamina a qual é aplicado  2 x na semana por 4 semanas e depois 1 x na semana por 4 semanas, ou seja, 2 meses iniciais de tratamento realizados em ambiente médico ambulatorial, entretanto, quando a Esketamine é comparada com a forma venosa de Cetamina, a eficácia é próximo de 45%, ou seja, menor que eficácia da Cetamina venosa.

Reportagem no Bem Estar (Globo) sobre o uso da Cetamina no tratamento da depressão.

Outros estudos tem demonstrado que a Cetamina venosa é tão eficaz para melhora dos sintomas depressivos quanto a Eletroconvulsoterapia, só que com menos efeitos colaterais e ação mais rápida. Este tipo de estudo comparando a Cetamina venosa com a Eletroconvulsoterapia são importantes pois esta, é considerada a última linha no tratamento da depressão refratária.

Farmacologicamente a Cetamina é considerada um anestésico, mas o seu efeito no tratamento da depressão, não é por sua ação anestésica e sim por sua ação subanestésico. Um dos efeitos quem podem ocorrer durante a aplicação de Cetamina endovenosa é que chamamos de efeito dissociativo, ou seja, existe uma desconexão temporária de informação no cérebro entre o tálamo e o sistema límbico, para se compreender melhor vamos exemplificar da seguinte maneira, uma pessoa no momento da aplicação é estimulada para sentir dor mas o seu cérebro não vai dar a mínima para isso. 

Para compreender como a Cetamina age a nível bioquímico cerebral, temos que compreender que o cérebro é formado por 100 bilhões de neurônios e tem entre 100 a 1000 trilhões de sinapses,  85-90% destes neurônios são excitatórios e 10 a 15 % são neurônios inibitórios, apesar desta diferença entre o números de neurônios inibitórios e excitatórios, o cérebro deve trabalhar em equilíbrio entre o que excita e o que inibe, na depressão, ocorre que o sistema inibitório não esta funcionando adequadamento, por isso, normalmente o paciente com depressão também é ansioso e tem uma certa confusão mental ( disfunção executiva), é como um computador que não consegue funcionar corretamente, com várias janelas abertas que não abrem ficando travado e para voltar a funcionar normal vc deve reiniciar o computador, este é uma analogia simplista de como a Cetamina atua a nível bioquímico cerebral. 

Uma outra comparação ou analogia seria uma rodovia cheia de automóveis; os automóveis seriam os neurotransmissores e a rodovia seriam as sinapses e os receptores, quando a rodovia fica congestionada, é porque algum automóvel ficou parado no meio da estrada, seja por falta de combustível ou acidente, neste caso, toda a rodovia ficará congestionada e ninguém conseguirá com eficiência chegar no local desejado, por outro lado, quando o carro sem combustível ou quebrado volta a funcionar e não obstrui mais a passagem, toda a rodovia volta funcionar normal e todos veículos, finalmente, conseguem fluir normalmente. Analogicamente a Cetamina reorganiza as vias neuronais (rodovia) otimizando a ação dos neurotransmissores (automovéis)  pela melhora da sensibilidade dos receptores cerebrais e aumento das sinapses, formando assim, vias alternativas para ação dos neurotransmissores. Este efeito de reequilíbrio dos sistema neurológico cerebral se da por duas ações principais da Cetamina, a primeira pela sua ação como antagonista dos receptores NMDA e a segunda pela sua ação na indução da produção do BDNF (Brain-derived neurotrophic factor)  que estimula novos receptores e sinapses cerebrais, formando novas vias neuronais.

Para mais informações sobre depressão e o estudo da aplicação de Cetamina para tratamento da depressão: tel: 21-34398999 / 21-98084972 (Clinica Higashi Rio de Janeiro) e ou 43-33238744 / 43-99300185  ( Clínica Higashi Londrina).

Autoria: Clínica Higashi