O Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) é um distúrbio prolongado da função da  personalidade (geralmente com idade acima de 18 anos, embora também seja encontrado em adolescentes), caracterizado pela profundidade e variabilidade do humor. O Transtorno envolve tipicamente níveis incomuns de instabilidade no humor, se manifesta em episódios de idealização e desvalorização, bem como relacionamento interpessoal caótico e instável, auto-imagem destrutiva, identidade e comportamento instável, bem como uma perturbação na noção da realidade (fantasia torna-se real). Em casos extremos, esta perturbação pode levar a períodos de dissociação extrema da realidade. São pessoas emocionalmente instáveis.

As pessoas com Transtorno de Personalidade Borderline (TBP)parecem ter um botão de liga e desliga entre a idealização e demonização de pessoas que se tornam íntimas. Quando combinado com distúrbios do humor, pode prejudicar relações com a família, amigos e colegas de trabalho. Também podem incluir auto-flagelação. Sem tratamento, os sintomas podem agravar-se, para tentativas de suicídio.

Estudos estatísticos em relação a taxa de suicídio no Transtorno de Personalidade Borderline (TBP) mostra um dado interessante, quanto mais tentativas frustradas de suicídio menor a incidência de morte em outras tentativas futuras. O suicídio caracteriza uma forma de chamar atenção para si devido a sensação de incapacidade, abandono, traição que preenchem um mundo de fantasia do indivíduo com Transtorno de Personalidade Borderline (TBP)(1).

Estudos sugerem que indivíduos com Transtorno de Personalidade Borderline (TBP) tendem a experimentar freqüente, estados fortes e duradouros de tensão aversiva, muitas vezes desencadeados pela rejeição percebida, estar sozinho ou falha percebida(2). Os indivíduos com Transtorno de Personalidade Borderline (TBP) pode mostrar labilidade (instabilidade) entre a raiva e a ansiedade ou entre a depressão e a ansiedade(3) e sensibilidade  temperamental a estímulos emotivos. 

Os estados emocionais negativos específicos para Transtorno de Personalidade Borderline (TBP) podem ser agrupados em quatro categorias: sentimentos destrutivos ou auto-destrutivas (tentativa de suicídio e auto-flajelação); sentimentos extremos em geral(vivem no limite das emoções, sofrem mais e tem extremo de felicidade); sentimentos de fragmentação ou falta de identidade (solidão, desamparo, não realização) e sentimentos de vitimização (sente-se vítima da situação mudando a realidade dos fatos e julgando um culpado para seu sofrimento)(4).

Principais características em pacientes com Transtorno da Personalidade Borderline:

• Medo de abandono: uma necessidade constante, agoniante de nunca se sentirem sozinhas, rejeitadas e sem apoio. 
• Dificuldade de administrar emoções 
• Impulsividade. 
• Instabilidade de humor. As oscilações de humor do Distúrbio ou Transtorno Afetivo Bipolar duram semanas ou meses, já o Transtorno da Personalidade Borderline (TBP) têm oscilações de minutos, horas, dias. Essas oscilações de humor incluem depressões, ataques de ansiedade, irritabilidade, ciúme patológico, hetero- e auto-agressividade. Uma paciente marca a consulta informando que está super deprimida, querendo morrer. No dia seguinte chega à consulta bem humorada, bem vestida, maquiada, vaidosa. 
• Comportamento auto-destrutivo (se machucar, se cortar, se queimar). As portadoras de Borderline dizem que se machucam para satisfazer uma necessidade irresistível de sentir dor. Ou porque a dor no corpo é melhor que a dor na alma. 
• Tentativas de suicídio, mais freqüentemente é tipo impulsivo do que planejadas. 
• Mudanças de planos profissionais, de círculos de amizade. 
• Problemas de auto-estima. Borderlines se sentem desvalorizadas, incompreendidas, vazias. Não tem uma visão muito objetiva de si mesmos. 
• Muito impulsivas: idealizam pessoas recém conhecidas, se apaixonam e desapaixonam de maneira fulminante. 
• Desenvolvem admiração e desencanto por alguém muito rapidamente. Criam situações idealizadas sem que o parceiro objeto do afeto muitas vezes nem tenha idéia de que o relacionamento era tão profundo assim… 
• Alta sensibilidade a qualquer sensação de rejeição. Pequenas rejeições provocam grandes tempestades emocionais. Uma pequena viagem de negócios do namorado ou marido pode desencadear uma tempestade emocional completamente desproporcional (acusações de rejeição, de abandono, de não se preocupar com as necessidades dela, de egoísmo, traição, etc.). 
• A mistura de idealização por alguém e a extrema sensibilidade às pequenas rejeições que fazem parte de qualquer relacionamento são a receita ideal para relacionamentos conturbados e instáveis, para rompimentos e estabelecimento imediato de novos relacionamentos com as mesmas idealizações. 
• Menos freqüente: episódios psicóticos (se sentirem observadas, perseguidas, assediadas, comentadas).

Evolução do Transtorno da Personalidade Borderline (TBP):
• Geralmente começa a se manifestar no final da adolescência e início da vida adulta. 
• Com o passar dos anos existe uma diminuição do número de internações hospitalares e de tentativas de suicídio.

As causas do Transtorno da Personalidade Borderline (TBP) são complexas e não totalmente compreendidas. Uma descoberta pode ser história de abuso na infância, trauma ou negligência, embora os pesquisadores tenham sugerido diversas causas possíveis, como uma predisposição genética, fatores neurobiológicos, fatores ambientais, ou anormalidades cerebrais.

Um estudo feito na Alemanha, em 2004, mostrou que mulheres com Transtono da Personalidade Borderline (TBP) tem o tamanho reduzido e assimetrial anormal do córtex parietal.

Usando imagens de ressonância magnética estrutural (MRI 3D), foi medido os volumes do córtex parietal e hipocampo em 30 mulheres jovens com Transtorno da Personalidade Borderline (TBP) que haviam sido expostos ao abuso sexual infantil grave e em 25 indivíduos saudáveis do grupo de controle.

Comparando indivíduos do grupo de controle, se observou que indivíduos com Transtorno da Personalidade Borderline (TBP) tinha significativamente menor tamanho no córtex parietal direito (-11%) e volume hippocampal (-17%). O córtex parietal dos indivíduos borderline mostrou uma assimetria mais forte a esquerda quando comparados com indivíduos do grupo de controle.(5)

A Psicoterapia constitui a base do tratamento para Transtorno de Personalidade Borderline (TBP) junto com atendimento de médico neurologista ou psiquiatra que fará o controle medicamentoso dos processos depressivos, ansiosos e psicótico do paciente. O tratamento deve ser baseado na individualidade de cada um. Quando há tentativa de suicídio a hospitalização é necessária para controle e segurança do próprio paciente.

No entanto, muitos pacientes tem resposta negativa a medicação de controle, apresentando efeitos colaterais indegejeveis como dores de cabeça, tonteira, diminuição do desejo sexual, insônia, etc.

Neurocientistas e pesquisadores médicos perceberam em vários estudos que pessoas que apresentam Transtorno da Personalidade Borderline (TBP) apresentam déficits no controle impulsivo – assim como pessoas com TDHA, Tic e Síndrome de Tourette(6).

Um estudo feito em 2009, pela Biol Psychiatry, na Alemanha, demosntrou a eficácia do tratamento com Estimulação Magnética Transcraniana (EMT) no controle do déficit impulsivo em indivíduos com Transtorno da Personalidade Borderline (TBP). Através da diminuição da inibição cortical com a Estimulação Magnética Transcraniana (EMT). Foram selecionados 24 pacientes do sexo feminino do Hospital de Psiquiatria da Universidade de Greifswald, na Alemanha. Todos os pacientes preencheram pelo menos cinco critérios de Transtorno da Personalidade Borderline (TBP) de acordo com a American Psychiatric Associação. Os pacientes tinham idade média de 23,3 anos e de estatura média de 166,57 centímetros. Todos os pacientes estavam livres de qualquer medicação regular psiquiátrico no momento da estudo. Tendo no grupo de controle 19 pacientes sadios pareados por sexo, idade, lateralidade, altura e corpo.

Foram aplicadas 15 sessões durante 3 semanas de tratamento no limiar motor de 80%, de baixa freqüência (1Hz), no Córtex pré-frontal direito. Em 21 pacientes houve melhora significativa na primeira semana de tratamento, que relataram diminuição da impulsividade e da depressão. Depois da segunda semana todos os 24 pacientes sentiram melhora no quadro depressivo e diminuição da impulsividade. O controle permaneceu durante os 3 meses seguintes. A Estimulação Magnética Transcraniana (EMT) foi bem tolerada por todos os indivíduos com Transtorno da Personalidade Borderline (TBP) do estudo(7).

Para mais informações sobre Neurologia, Estimulação Magnética Transcraniana (EMT) e Transtorno da Personalidade Borderline (TBP) ligar para Clínica Higashi no telefone: (21) 3439-8999 – Rio de Janeiro.

 

Leitura Complementar:

1. Borderline personality disorder – Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders Fourth edition Text Revision (DSM-IV-TR) American Psychiatric Association (2000)

2. Borderline Personality Disorder: Proposal to include a supplementary name in the DSM-IV text revision. Borderline Personality Today. http://www.borderlinepersonalitytoday.com/main/name_change.htm. Retrieved 8 February 2010.

3. Koenigsberg HW, Harvey PD, Mitropoulou V, et al. (May 2002). Characterizing affective instability in borderline personality disorder. Am J Psychiatry 159 (5): 784–8. doi:10.1176/appi.ajp.159.5.784. PMID 11986132. http://ajp.psychiatryonline.org/cgi/pmidlookup?view=long&pmid=11986132.

4. Zanarini MC, Frankenburg FR, DeLuca CJ, Hennen J, Khera GS, Gunderson JG (1998). The pain of being borderline: dysphoric states specific to borderline personality disorder. Harvard Review of Psychiatry 6 (4): 201–7. doi:10.3109/10673229809000330. PMID 10370445.

5.  IRLE.E. & col. Reduced size and abnormalReduced size and abnormal asymmetry of parietal cortex in women with borderline personality disorder. Department of Psychiatry and Psychotherapy, University of Göttingen, Göttingen, Germany. 2004

6. Maeda F, Pascual-Leone A (2003): Transcranial magnetic stimulation: Studying motor neurophysiology of psychiatric disorders. Psychopharmacology. (Berl)168:359 –376.
BARNOW, S e col. Neurophysiological Correlates of Borderline Personality Disorder: a Transcranial Magnetic Stimulation Study. Biol Psychiatry. 2009.

 

Produzido por:
Andrea Nunes
Coordenadora de Educação e Pesquisa da Clínica Higashi – Neuroestimulação e Neurologia Rio de Janeiro e Londrina