O Acidente Vascular Cerebral (AVC), conhecido também por “derrame cerebral”, é caracterizado pela perda rápida da função neurológica, decorrente do entupimento ou rompimento de vasos sanguíneos cerebrais na região acomentida. É uma doença de início súbito, que pode ocorrer de duas formas: isquemia ou hemorragia.

Na forma isquêmica, a mais comum, ocorre devido à falta de irrigação sanguínea numa determinada região cerebral, não causando morte de tecido cerebral. Na forma hemorrágica, menos comum, mas não menos grave, ocorre pela ruptura de um vaso sanguíneo intracraniano, levando à formação de um coágulo que afeta determinada função cerebral. O sistema nervoso central todo pode ser acometido por esta doença e ele inclui, além do cérebro, o tronco encefálico, o cerebelo e até a medula espinhal. Dependendo da região atingida, os sintomas e as sequelas são diferentes(1).

Em ambos  os casos o processo de reabilitação pode ser longo, dependendo das características do próprio AVC, da região afetada, da rapidez de atuação para minimizar os riscos e do apoio que o doente tiver(2).

A Estimulação Magnética Transcraniana Repetitiva (EMT) têm a capacidade de induzir a neuroplasticidade, através do estímulo do prolongamento dentrítico neuronal, simbolicamente poderiamos comparar o neurônio a uma planta, aonde o crescimento dentrítico representaria o crescimento da raiz da planta.

A Estimulação Magnética Transcraniana (EMT) é um tratamento avançado, seguro, não invasivo, indolor, que modula a excitação cortical em pacientes com AVC. Estudos monstraram a aplicação da EMT depende da faixa de freqüência. Frequência inibitória (1 Hz)  aplicada sobre o córtex motor da mão na região não afetada demonstrou diminuição a inibição interhemisférica. A inibição interhemisférica é um fenômeno associado a não melhora do hemisfério afetado pelo AVC, ou seja, o lado não doente do AVC cria uma certa dominância impedindo que o lado doente se recupere, a EMT ajuda na inibição deste fenônemo com isso libera o lado doente para a melhora motora. Já a EMT em alta frequência (5-20 HZ) no córtex motor afetado pode melhorar diretamente a a plasticidade, a aprendizagem e a aquisição de habilidades motoras em pacientes vítima de AVC crônico (3-4-5-6-7).

Veja abaixo na figura:

(a)Inibição da excitabilidade dos córtex motor primário (hemisfério não afetado) (b), Estimulação  excitatória direta do córtex motor primário afetado (8).

Pode ser feito , também,  a Estimulação Magnética Transcraniana (EMT) de ambos os lados do córtex motor com diferentes freqüências para melhorar o comportamento de um braço paralisado. É o que mostrou o estudo feito com 22 pacientes que sofreram Acidente Vascular Cerebral (AVC) isquêmico, no Centro de Investigações em Neurologia da USP, em 2010, o resultado foi animador no tratamento com Estimulação Magnética Transcraniana (EMT) para as seqüelas do AVC(9).

Veja na figura abaixo como é feito o tratamento com Estimulação Magnética Transcraniana (EMT):

O tratamento com Estimulação Magnética Transcraniana (EMT) não apresentou efeitos colaterais e os pacientes tiveram melhora na recuperação da deficiência motora e espasticidade.

Outro estudo realizado na Hungria, em 2008, selecionou 64 pacientes com lesão motora que sofrem de Acidente Vascular Cerebral (AVC) por quase 10 anos e não tiveram melhora significativa com o tratamento convencional. Os pacientes foram tratados durante 3 meses, com baixa freqüência (1 Hz) a 30% do 2.3T, 100 estímulos por sessão, duas vezes por dia durante uma semana. A área escolhida para ocorre o estimulo foi de  acordo com o movimento evocados pela Estimulação Magnética Transcraniana (EMT) no braço paretico (paralizado). Foram selecionados, então, quatro grupos: o grupo A, onde ambos os hemisférios foram estimulados a espasticidade diminuiu; o grupo B não houve qualquer movimento evocados no braço paretico, teve  melhoria altamente significativa na espasticidade, na circulação e na indução do comportamento de paresia; o grupo C foi estimulado o hemisfério inalterado intacto (ipsilateral ao lado paretico); o grupo D estimulou o lado onde havia a lesão (movimentos ipsilateralmente evocados no braço patético).  Em ambos os grupos C (contralateral ao hemisfério do braço paretico) e grupo D (movimentos ipsilateralmente evocados no braço patético), a espasticidade diminuiu durante a primeira semana, mas o movimento do braço paretico melhorou apenas no grupo C(10).

Para maiores informações sobre Estimulação Magnética Transcraniana (EMT), Acidente Vascular Cerebral (AVC) e Neurologia entre em contato com a Clínica Higashi – Rio de Janeiro pelo telefone (21) 3439-8999 e Londrina pelo telefone (43) 33238744.

 

Leitura Complementar:

1. Academia Brasileira de Neurologia.

2. Gerloff C et al. Multimodal imaging of brain reorganization in motor areas of the controlesional hemisphere of well recovered patients after capsular stroke. Brain 2006; 129:791-808.

3. Manganotti P, Patuzzo S, Cortese F, Palermo A, Smania N, Fiaschi A. Motor disinhibition in affected and unaffected hemisphere in the early period of recovery after stroke. Clin Neurophysiol. 2002;113:936 –943.

4. Liepert J, Restemeyer C, Kucinski T, Zittel S, Weiller C. Motor strokes:
the lesion location determines motor excitability changes. Stroke. 2005;36:2648 –2653.

5.  Liepert J, Graef S, Uhde I, Leidner O, Weiller C. Training-induced changes of motor cortex representations in stroke patients. Acta Neurol Scand. 2000;101:321–326.

6. Pascual-Leone A, Tormos JM, Keenan J, Tarazona F, Canete C, Catala MD. Study and modulation of human cortical excitability with transcranial magnetic stimulation. J Clin Neurophysiol. 1998;15:333–343.

7.  Stroke. 2006;37:1471-1476.

8. D. A. Nowak, C. Grefkes, G. R. Fink. Modern Neurophysiological Strategies in the Rehabilitation of Impaired Hand Function Following Stroke. Fortschr Neurol Psychiat 2008; 76: 354–360.

9. Magnetic Stimulation for Stroke . http://www.ivanhoe.com/newsalert/ . 24.11.2011

10. MALLY J e col. Recovery of motor disabiklity and spasticity in post-stroke after repetitive transcranial magnetic stimulation. Brain Res Bull. 2008; 76(4):388-95

 

Produzido por: Educação e Pesquisa da Clínica Higashi – Neuroestimulação e Neurologia Rio de Janeiro e Londrina