A epilepsia é uma alteração na atividade elétrica do cérebro, temporária e reversível, que produz manifestações motoras, sensitivas, sensoriais, psíquicas ou neurovegetativas (disritmia cerebral paroxística) modificando o equilíbrio cortical entre impulsos excitatórios e inibitórios. 

Assista ao vídeo abaixo de como acontece uma crise epilética:

As condutas terapêuticas agem no equilíbrio desse disbalanço cerebral. No entanto, apesar dos avanços na terapia da epilepsia as medicações antiepiléticas não surtem efeito em aproximadamente um terço dos pacientes, permanecendo refratários ao tratamento com drogas(1). 

Locais do Córtex Cerebral onde ocorre as crises convulsivas:

Desde meados do século XIX a terapia elétrica descoberta por Guillaume Duchenne vem sendo estudada, com grande avanço e variedade no século XX.

Para os pacientes com epilepsia refratária o tratamento cirúrgico pode ser indicado. A estimulação cerebral profunda direta no neocórtex, cerebelo, hipocampo e nervos cranianas tem sido amplamente divulgada nas últimas décadas, contudo, alguns destes casos apresentam complicações da própria cirurgia como lesões cerebrais difusas, acometimento do córtex, infecção e hemorragia cerebral(2).

No entanto, métodos não invasivos de neuromodulação principalmente a Estimulação Magnética Transcrania Repetitiva (EMTr) tem sido aplicada no tratamento dos transtornos neuropsiquiátricos e vem de encontro com as necessidades de pacientes que sofrem com a epilepsia refratária tendo resultados promissores. 

Estudos demonstram que o uso desta técnica para modular a atividade cortical é seguro para aplicação em humanos(3-4). É um tratamento capaz de estimular o cérebro através de um método indolor, não-invasivo. É realizada através de um aparelho estimulador do qual sai um cabo que termina em uma bobina. Através da bobina passa uma corrente elétrica de alta intensidade que cria um campo magnético (como um eletro-ímã) focalizado. A bobina é colocada próximo à região que se quer estimular.

Essa técnica não apresenta efeitos colaterias das drogas antiepiléticas, apenas 10% dos pacientes apresentam leve dor de cabeça(5) que normalmente não durão mais que 30 minutos após a sessão, sendo leve e benigno.

Estudos demosntram que o uso da Estimulação Magnética Transcraniana em baixa freqüência (menor ou igual a 1 Hz) à 90% do Limiar Motor do paciente com epilepsia tem efeito antiepilético, leva a redução acentuada na excitabilidade cortical e diminui a incidência das crises(6). Esse método provoca uma diminuição no potencial evocado motor reduzindo a excitabilidade cortical que ocorre na epilepsia.

Veja o vídeo abaixo do relato de Kate, a paciente do Boston Children's Hospital, fala sobre a vida com epilepsia e como Estimulação Magnética Transcraniana (EMT) tem ajudado suas crises: 

Evidências mostram que o tratamento com Estimulação Magnética Transcraniana em pacientes com epilepsia refratária é seguro e pode trazer benefícios clínicos duradouros e qualidade de vida a esses pacientes(7-8).

Em 2006, um estudo realizado nos Estados Unidos, com 84 pacientes com epilepsia refratária, demonstrou que estimulando o foco epilético com Estimulação Magnética Transcraniana (EMT) de baixa frequência (1Hz) ocorria diminuição das crises epiléticas em 42% dos casos (9).

Outro estudo feito em 1999, descreveu que 8 de 9 pacientes apresentaram melhora da condição epilética, com redução de 39% na frequência das crises após aplicação com Estimulação Magnética Transcraniana (EMT) em baixa frequência (0,33 Hz)(10).

Para mais informações sobre Estimulação Magnética Transcraniana e neurologia ligar para a Clínica Neurológica Higashi Rio de Janeiro, tel:21-34398999 (Rio de Janeiro) e tel: 43-33238744 (Londrina).

 

Leitura Complementar:
1. Sander JW. Some aspects of prognosis in the epilepsies: a review. Epilepsia 1993; 34(6):1007-16.
2. Aiken SP, Brown WM. Tratament of epilepsy: existing theraphies and future developments. Front Biosci 2000; 5:E124-52.
3. Hallett M. Transcranial magnetic stimulation and the human brain. Nature 2000;406(6792):147-50.
4. Samii A, Chen R, Wassermann EM, Hallett M. Phenytoin does not influence postexercise facilitation of motor evoked potentials. Neurology 1998; 50(1): 291-3.
5. Pascual-Leone A, Bartres-Faz D, Keenan JP. Transcranial magnetic stimulation: studying the brain-behavior relationship by inductionof “virtual lesions”. Philos  Trans R Soc lond B Biol Sci 1999; 354(1387):1229-38.
6. Romero JR, Anschel D, Sparing R, Gangitano M, Pascual-Leone A. Subthreshold low frequency repetitive transcranial magnetic stimulation selectively decreases facilitation in the motor cortex. Clin Neurophysiol 2002; 113(1):101-7.
7. Ziemann U. TMS and drugs. Clin Neurophysiol 2004; 115(8).
8. Cantello R, Rossi S, Varrasi C. Slow Repetitive TMS for Drugs-resistant Epilepsy: Clinical and EGG Findings of a Placebo-controlled Trial. Eplepsia, 48(2):366-374,2007.

9.  Fregni F, Otachi P, do Valle A, et al. A randomized clinical trial of repetitive transcranial magnetic stimulation in patiens with refractory epilepsy. Ann Neurol 2006;60:447-455.
10. Tergau F, Naumann U, Paulus W. Low-frequency repetitive transcranial magnetic stimulation improves intractable epilepsy. Lancet 1999; 353:2209. 

Produzido por:
Educação e Pesquisa da Clínica Higashi – Neuroestimulação e Neurologia Rio de Janeiro e Londrina